quarta-feira, 9 de junho de 2010

puta que te quero santa, santa que te faço puta


Por obséquio, senhores do grande falo,
permitam-me a gentileza
de apenas ser simples gente.
.
Dessas de osso e carne
Sobrevivente
entre destroços e vigas
.
Não me tomem por santa mãe,
Nem tampouco por vaca vadia
.
Não me lancem à fogueira
Não me decantem em poesia
Pois cuspo em bajuladores poetas
Um FODA-SE pra ti,
inquisidor maldito!
.
Passo bem sem as flores
Devolvo-te as pedras que atiras
.
Olhem pra mim e me vejam!
Eis-me como sou!
EU,
apenas gente!
.
Das minhas tetas, derrama o leite
Até
- e muitas vezes
teu único alimento
Mas não pra teu desfrute
Nem pra-teu salvamento
.
Sem manto, coroa nem cetro
Sem maçãs, serpentes nem chifres
Não é meu esse tridente!
.
O teu capeta é um merda
O teu deus,
- ó louvador lascivo,
um misógino
cretino
.
NÃO SIRVO
.
EG

.
Foto por EGibson
Local: Interior de um barraco no centro do Rio de Janeiro, isolado pela Defesa Civil depois de desabamento parcial.

2 comentários:

  1. Hoje mesmo estava pensando no seu blog e há quanto tempo não somos agraciados por suas postagens. Para minha surpresa.... mais uma pérola é lançada. Que sorte a nossa. Como sempre, está de parabéns. Muito bom mesmo.

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  2. Que poema forte e inteligente! A foto também está ótima. Como é que você foi se deparar com esse cenário, reparar e destacar - através da fotografia - a riqueza da imagem?? Se eu passasse pelo lugar, provavelmente não veria mais que escombros sem importância... Você é realmente uma artista.

    (www.expressaoliberta.blogspot.com)

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