sábado, 18 de março de 2017

SAUDADE


Onde exatamente me larguei?
Em que esquina,
viela,
ponto fraco,
a minha mão 
largou do meu
braço?

Nalgum caixote de bar?
Cama?

Acaso estarreci
nas asperezas
de um bate boca?
E vaguei petrificada
em direção contrária
de mim
- gita
até sumir 
da minha vista?

Depois de chicotear
minha língua em labaredas
contra o muro
de um mundo moco,
recebi de volta
uma pedra entre os olhos
que me esvaziou a memória.

Teria sido assim?

Toda noite choro
com saudades de mim.

Alguém ajuda.
Perdi-me.

Me larguei 
nalguma esquina.

Estou lá esperando.
- Em prantos.

Só sei que não virei sozinha!
Nem trazida.

Só sei que eu só virei
se eu for me buscar.

Que eu me encontre
antes de tudo acabar.

EG

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