segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Salve bom, velho e bêbado Bukowski! Tempo perfeito, deliciosamente visual. Animalesco! Puro Roteiro!

Trecho do livro "Factorum", Charles Bukowski (1920 – 1994). Editora L&PM Pocket, vol. 624 / Tradução: Pedro Gonzaga

Minha dívida com quarto, comida, roupa lavada etc. já estava tão alta que foram precisos vários salários para liquidá-la. Assim que isso aconteceu, me mudei de imediato. Eu não tinha condições de pagar os preços praticados lá em casa.

Encontrei uma pensão próxima ao trabalho. Fazer a mudança não era difícil. Minhas coisas não enchiam nem a metade de uma mala...

Mama Strader era minha senhoria, uma ruiva apagada de boa aparência, muitos dentes de ouro e um namorado velhusco. Chamou-me na cozinha, logo na primeira manhã, e disse que me daria um copo de uísque se eu fosse lá fora alimentar as galinhas. Depois de cumprir a missão, sentei-me para beber com Mama e seu namorado, Al. Estava uma hora atrasado para o trabalho.

Na segunda noite, houve uma batida na minha porta. Era uma gorda já entrada nos quarenta. Trazia uma garrafa de vinho.

_ Moro num quarto do outro lado do corredor, me chamo Martha. Você está sempre escutando boa música. Pensei em lhe trazer uma bebida.

Martha entrou. Vestia uma espécie de bata verde e, depois de alguns copos de vinho, começou a me mostrar suas pernas.

_ Tenho pernas legais.
_ Sou vidrado em pernas.
_ Olhe mais pra cima.

Suas pernas eram muito brancas, gorduchas, flácidas, com veias roxas e protuberantes. Martha me contou sua história.

Era uma prostituta. Tinha percorrido todo o circuito dos bares. Sua principal fonte de renda era o dono de uma loja de departamentos.

_ Ele me dá dinheiro. Vou até a loja dele e levo tudo o que quero. Os vendedores não me incomodam. Ele disse pra me deixarem em paz. Ele não quer que a mulher saiba que eu trepo muito melhor do que ela.

Martha se levantou e ligou o rádio. Alto.

_ Sou uma ótima dançarina - ela disse. - Veja como eu danço!

Ela girava dentro daquela barraca verde, dando chutes no ar. Estava longe de ser o que alardeava. Logo a bata passava da linha de sua cintura, e ela começou a balançar a bunda bem junto ao meu rosto. A calcinha rosa tinha um enorme furo sobre o glúteo direito. Então a bata já era, e ela ficou só de calcinha. Logo todas as suas vestes estavam no chão, e ela seguiu com o número. Seus pêlos pubianos quase desapareciam debaixo da barriga frouxa, que não parava de balançar.

O suor fazia com que sua maquiagem escorresse. Subitamente seus olhos se estreitaram. Eu estava sentado na beirada da cama. Ela se jogou sobre mim antes que eu pudesse reagir. Sua boca já aberta foi pressionada contra a minha. Tinha gosto de cuspe e cebolas e vinho barato e (imaginei) dos espermas de quatrocentos homens. Enfiou sua língua na minha boca. Estava grossa pela quantidade de saliva, o que me fez engasgar e empurrá-la para longe. Ela se pôs de joelhos, baixou meu zíper, e em um segundo meu pau frouxo estava em sua boca. Ela chupou e bateu. Martha usava uma pequena fita amarela em seu cabelo grisalho e curto. Tinha verrugas e grandes pintas marrons no pescoço e nas bochechas.

Meu pênis subiu; ela gemeu e me deu uma mordida. Gritei, segurei-a pelos cabelos e a afastei. Fiquei de pé no centro do quarto, aterrorizado e ferido. Tocavam uma sinfonia do Mahler no rádio. Antes que eu pudesse me mover, ela estava novamente de joelhos. Agarrou minhas bolas sem qualquer piedade com as duas mãos. Sua boca se abriu, ela me tomou; sua cabeça ia e vinha, chupando, masturbando. Ela me obrigou a deitar no chão, dando um tremendo puxão no meu saco, quase partindo meu pau ao meio com os dentes. Os sons da chupada enchiam o quarto, enquanto o rádio tocava Mahler. Era como se eu estivesse sendo devorado por um animal impiedoso. Meu pau endureceu, coberto de cuspe e sangue. A visão daquilo a enlouqueceu. Era como ser devorado vivo.

Se eu gozar, pensei em desespero, jamais me perdoarei.

Quando consegui dar um jeito de agarrar seus cabelos para afastá-la, ela apertou novamente minhas bolas e as esmagou sem pena. Seus dentes cravaram na metade do meu pau como se quisessem, feito uma tesoura, parti-lo ao meio. Gritei, soltei-lhe o cabelo, deitei no chão. Sua cabeça seguia em ação, sem qualquer remorso. Tinha certeza de que essa chupada podia ser ouvida ao longo de toda pensão.

_ NÃO! - gritei.

Ela prosseguiu com uma fúria inumana. Comecei a gozar. Era como sugar o interior de uma serpente que estivesse presa. Sua fúria mesclava-se à loucura; ela engoliu todo o esperma, fazendo-o gorgolejar em sua garganta.
Ela continuou masturbando e chupando.

_ Martha! Chega! Acabou!

Ela não iria parar. Era como se tivesse se transformado numa enorme boca, capaz de devorar tudo. Continuou chupando e masturbando. Seguiu e seguiu.

_ NÃO! - gritei novamente.

Desta vez ela bebeu como se fosse uma batida de baunilha, de canudinho.
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Desfaleci. Ela se ergueu e começou a se vestir. Cantou:

"When a New York baby says
goodnight it's early in the morning

goodnight, sweetheart
it's early in the morning

goodnight, sweetheart
milkman's on his way home.. ."

Com esforço fiquei de pé, agarrando-me aos bolsos da minha calça em busca da carteira. Saquei uma nota de US$ 5, passei a ela. Pegou a nota e enfiou-a entre os seios, pela parte frontal do vestido, deu mais uma agarrada, bem faceira, nas minhas bolas, apertou-as, soltou e seguiu bailando quarto afora.
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C.Bukowski
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* Obrigada maestro Messias pela indicação da leitura - simplesmente sensacional.

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