sexta-feira, 27 de março de 2009

Cinzas de um Sutiã - 2

:-) :-) :-) :-) :-) Abril, dia 04 de 2009. Hoje enfim inauguro meu blog.... Por um instante sou de novo a menininha de maria chiquinha do passado. A que ia correndo à papelaria, ansiosa, com alguns trocados na bolsinha a tiracolo pra comprar um diário com cadeado e chavinha de prata. Daqueles cheios de motivos fofinhos e cor de rosas. Mas reconheço que há uma certa diferença entre meu diário de infância e esse, que a Ju - mulher feita e bem resolvida, do alto dos seus trinta e pouquinho anos! - inicia hoje. Antes, só eu, Deus e minha única melhor amiga da época tomavam conhecimento dos segredinhos e angústias que povoavam minha mente infantil; fazendo figa pra que mamãe não encontrasse meu tesouro escondido no fundo da gaveta. E se o encontrasse, que a chavinha de prata fosse suficiente pra impedí-la de seguir adiante. Ah.., hoje não! Como disse, sou uma mulher feita e muito bem resolvida! Pra começar, não tenho uma única melhor amiga, mas uma dezena delas – todas amigas companheiríssimas, solidárias, fieis e sinceras até a morte. Com quem choro e dou gargalhadas maravilhosas. Hoje, darei conhecimento da mulher que me tornei não só a Lu, Pri, Gê, Za, Ru, Rê, Rô, Tê ou Gô (Gô de Goretti) – e muitas outras que não vou citar pra não me prolongar demais – mas simplesmente ao planeta todo! Que incrível! Farei parte dessa rede de pessoas famintas por novos vínculos afetivos, por uma palavra certa na hora certa. Um apoio, um consolo pros seus corações aflitos. Hoje não há sequer uma sombra daquela criança insegura. Hoje não preciso mais do cadeado e chavinha de prata. Acho que a mulher na qual me transformei tem muito a dizer ao mundo! E não se envergonha do que tem a dizer! Minha generosidade não me permite guardar tudo isso só pra mim. Quero compartilhar com o mundo! Quero fazer mais um milhão de novas melhores amigas. E melhores amigos também, por que não? Porque acredito sinceramente na amizade despretensiosa entre homem e mulher. Serão muitas almas ávidas por ouvir o que tenho a dizer. Almas que serão tocadas pelas minhas palavras. Que me devolverão comentários emocionados e agradecidos. Afinal de contas, também sou uma poetisa. E das boas!! Quero compartilhar com o mundo a minha poesia leve, cândida, feminina... Bem, vejamos, comecemos pelo perfil. Que tal algo assim original, pra diferenciar de tantos e tantos clichês que vejo por aí? “Sou aquela que se perde, que se encontra, que se perde de novo e se reencontra, que é fim, que é começo, que é uma lágrima, que é um sorriso, que transborda em cores, nuances e brilhos – uma gaivota! – uma nuvem que passa, um rio de águas calmas, mas que pode se tranformar a qualquer instante em um oceano revolto, posso ser simplesmente uma brisa, como também um vendaval – depende dos seus olhos, amor –, uma menina e suas tranças - quando quer -, uma mulher e seu salto alto - quando precisa -, sou a parte, sou o todo, enfim, uma carioca feliz e gente boa, orgulhosa da sua cidade...”. Acho que ficou bom. Ficou poético. Quase uma Clarice Lispector! Incrível como ultimamente minha veia poética tem gritado, desesperada. Não podia ter escolhido melhor momento pra iniciar meu blog.

Abril, dia 05 de 2009. Hoje escrevo meu primeiro post... Vou inaugurar falando dele. Mesmo eu tendo chorado um mar de lágrimas quando ele se foi, escolhendo ficar com a Lu, sou uma mulher bem resolvida. Daquelas que cai, sacode a poeira e segue em frente! Consegui me reerguer até mesmo depois que ele começou a namorar a Rô – que convenhamos, foi coisa passageira, coisa de alguns dois meses apenas... As escolhas dele me fizeram sofrer mas não me impediram de guardar doces lembranças dos momentos que vivemos. Do cheiro dele. Do toque da pele, da voz, da maneira como ele me tomava com volúpia, do quarto, da varanda - tão ampla - onde costumávamos fazer amor ardentemente, embalados pela doce brisa da tarde - posso ilustrar essa parte com aquela foto linda de varanda, que catei na internet. Assim como lembro das tórridas vezes que gozamos, suados e cansados, sob o balanço daquela rede que compramos na nossa inesquecível viagem ao Nordeste - agora posso ilustrar com a foto do casal sarado sem roupa, que também desconheço a autoria, bahh, pouco importa... Momentos só nossos, onde ele foi 100% meu, tenho certeza! Lembro do vasinho de violeta na bancada da varanda. Um passarinho costumava pousar na janela - tenho foto de passarinho também. Foi tudo tão lindo... Hoje somos grandes amigos, mesmo ele já tendo me feito chorar um pouco, é verdade. Nada de brigas, nada de destemperos, ciúmes e ressentimentos. Minha filosofia é sem dúvida a do desapego!!! Eu o perdoei! E o perdoaria mil vezes. O perdão é para os espíritos evoluídos! Ele é um cara legal. Um cara gente boa! Um bom amigo. Me restou a amizade... Fazer o que? Eu esvaziei o baú. Mas minhas lembranças mantenho! Faço questão!!! Não suportaria viver sem elas... Isso significaria cortá-lo pra sempre da minha vida... Pra quê? Se ele no fundo, no fundo, sempre foi tão bom pra mim... Bem, mas ele se foi né? Então pronto! Foi tranquilo! Seguiu sua nova jornada. Sou bem resolvida. Que seja feliz com a Gô, sua atual esposa e novo amor... Sábado que vem é o batizado do filhinho deles, o Júnior. Uma gracinha. Um dia serei eu a ter meu pimpolho. Preciso comprar um presentinho pro meu afilhado. A vida é assim mesmo. Fico aqui aguardando ansiosa pelas novas lembranças que se Deus quiser serão construídas, enquanto sigo escutando “nossa” música... a do nosso Chico Buarque. :-( :-( :-( :-( :-(

- Enquanto ouvia as atrocidades que iam sendo narradas, a delegada olhava pros hematomas em seu rosto, que a desfiguravam. O olho esquerdo mal conseguia abrir. Alguns dentes arrancados da boca. Apesar de presenciar diariamente esse tipo de cena, era sempre como se estivesse vivenciando pela primeira vez. Os sentimentos de revolta, indignação, impotência, eram sempre tão intensos como no primeiro depoimento. As histórias daquelas mulheres colavam em sua mente, uma a uma. Às vezes se questiona se não teria sido melhor seguir na área trabalhista... Bom, pelo menos o covarde não saiu impune. Aquela figura franzina ali sentada e suja de sangue, chorosa, semi analfabeta, de cabeça baixa, olho roxo e coração partido, não era uma vítima (ré?) comum. Cansada de contínua humilhação, dessa vez não deixou assim tão barato. Que o digam o covarde e suas partes íntimas - bêbado-filho-da-puta! E ela jamais seria capaz de condená-la...
--
EG

Nenhum comentário:

Postar um comentário