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Pernas cambaleantes
E uma lâmina vil
Idolotrado e odioso Alceu...
O meu chão, roubado
e um quase desfalecer
Congela todo o sangue
o frio que me acometeu
Estanca meu coração
Que dói, esmagado
Ó Senhora Afrodite!!
Qual razão pra tamanha crueldade??
Um cordeiro e libação te ofereço
em teu sagrado templo de adoração
Suplica-te a tua humilde serva
Misericórdia.
Piedade...
Agora o calor de rachar!!
De tuas façanhas, outro estrago
Esquenta-me a pele
borbulha-me o sangue
rouba-me o ar
derrete-me a língua
cega-me a visão
Queima entranhas...
Senhora dos mil encantamentos!
Por que me lanças assim tantos tormentos?
Livra-me por compaixão desse encanto...
Qual a terrível ofensa, pra tanto pranto?
Não açoites assim tua filha
Por Zeus!!
Escuta-me!
Não possuo eternidade de um deus
Lembra-te de minha frágil condição
Sabes que em morada de Hades já sou esperada
sucumbida por tua devastadora maldade,
paixão...
EG
AINDA...
SAFO - Fragmentos de um Poema
"Parece-me igual aos deuses
ser aquele homem que, à sua frente sentado,
de perto, doces palavras, inclinando o rosto,
escuta,
e quando te ris, provocando o desejo; isso, eu juro,
me faz com pavor bater o coração no peito;
eu te vejo um instante apenas e as palavras
todas me abandonam;
a língua se parte; debaixo da minha pele,
no mesmo instante, corre um fogo sutil;
meus olhos me vêem; zumbem
meus ouvidos
um frio suor me recobre, um frêmito me apodera
do corpo todo, mais verde que
as ervas
eu fico
e que já estou morta
parece (...)
Mas (...)".
(Tradução de Joaquim Fontes)
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